CIEJA SAPOPEMBA
DRE SÃO MATEUS
2012
GIRANDO IDEIAS, FORMANDO CIDADÃOS.
AS TIC NA EDUCAÇÃO
RESPONSÁVEIS PELO PROJETO:
THEMIS FLORENTINO DOS SANTOS
(COORDENADORA PEDAGÓGICA)
Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos - CIEJA SAPOPEMBA
Rua Sargento Luis Rodrigues Filho – 40.
Bairro Mascarenhas de Moraes – SP
Tel.: 2919-2069
PROJETO: “GIRANDO IDÉIAS E FORMANDO CIDADÃOS – AS ‘TIC’ NA EDUCAÇÃO”
UNIDADE: CIEJA SAPOPEMBA - (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos)
RESPONSÁVEIS: Themis Florentino dos Santos
I - HISTÓRICO
O Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) foi criado pelo Decreto 43.052 em 04/04/2003. Está situado na Rua Sargento Luís Rodrigues Filho nº40 no Conjunto Mascarenhas de Morais e faz parte da Diretoria Regional de Educação de São Mateus. O CIEJA é um projeto experimental dentro da EJA regular da Secretaria Municipal da Educação, que se propõe a atender a um público que por diferentes razões não teve acesso à Educação durante a infância eou adolescência, seja pela oferta irregular de vagas, pelas inadequações deste público específico a este sistema de ensino, ou ainda por razões ligadas às condições econômicas e sociais desfavoráveis da população.
II - JUSTIFICATIVA
Estudos têm mostrado que não existem diferenças significativas do ponto de vista cognitivo entre diferentes classes sociais, o que se percebe, entretanto é que o desenvolvimento dos sujeitos sociais é condicionado pelas desigualdades materiais existentes, bem como o acesso aos recursos culturais, econômicos, políticos e tecnológicos, que permitam um desenvolvimento mais pleno do potencial humano. Do ponto de vista de uma educação mais crítica, formar para o exercício da cidadania pressupõe a participação política de todos na definição de rumo, não apenas na escolha de seus representantes políticos, mas também na participação em movimentos sociais, e no envolvimento com temas e questões do País ou de suas comunidades em todos os aspectos e níveis da vida cotidiana. Se partirmos do pressuposto que conhecimento é poder, e que este “poder” pode ajudar na redistribuição de riquezas concentradas no sistema do capital, trabalhamos com a noção de “emponderamento” como um processo dinâmico construído a partir das práticas produzidas pelos sujeitos por meio do contexto em que estão inseridos, tomando posse de elementos que fornecem subsídios para que estes possam ultrapassar os limites da consciência ingênua e tornarem-se cidadãos críticos e conscientes de sua posição enquanto indivíduos históricos.
Sob esta ótica adotada, nossos educadores não podem “dar poder as pessoas”, mas torna-las capazes de aumentar suas habilidades cognitivas, de forma a desenvolver uma visão mais crítica sobre a realidade vivenciada para que possa “ganhar poder sobre suas vidas”.
E é esta a ideia defendida neste projeto: a de uma educação popular emancipatória na qual os educadores se colocam na condição de facilitadores para uma compreensão mais crítica, por parte do aluno, da sua própria realidade social, aliada a uma transformação mais ampla da sociedade. Buscamos uma educação que defenda que as classes sociais menos favorecidas alcancem sua própria emancipação através de processos de tomada de consciência, onde a educação torna-se um campo de luta, principalmente quando adota um caráter profundamente transformador, ao incentivar o educando assumir conscientemente sua posição, desprendendo-se das amarras que lhes são impostas pela pouca compreensão dos fatos políticos e sociais cotidianos dos quais se consideram apenas expectadores, e de sua própria consciência ingênua, através de uma reflexão crítica do contexto social onde estão inseridos, usando para isto diferentes linguagens e abordagens metodológicas interativas, durante a discussão fatos sociais ou temas curriculares sob diferentes perspectivas, para que os educandos possam fazer uma leitura mais ampla do mundo.
Outro fator determinante é que hoje vivemos em um mundo digital, dominado por novas tecnologias da comunicação e informação, e que já alteraram as relações de trabalho, poder, inclusive o próprio relacionamento entre os humanos. Torna-se vital, portanto que os educandos aprendam a dominar estes novos códigos para melhorar a comunicação e adotá-los de forma crítica, pois é neste universo virtual que será encontrado trabalho, distâncias serão encurtadas, dados são acumulados, imagens, sons e textos são transportados à velocidade da luz. O que precisamos é buscar instrumentos para ler este novo mundo de forma crítica, sem ingenuidade e não como consumidores passivos destas novas tecnologias de forma massiva.
O verdadeiro desafio não são as TICs em si, nem a profissionalização, mas a sua incorporação ao processo ensino aprendizagem e o nosso objetivo é que, à medida que os educandos dominarem os diferentes instrumentos, possam utilizá-los para representar e entender seu mundo, através da exploração do universo mediático onde diferentes linguagens circulam. A televisão, o rádio, o vídeo, a mídia impressa, imagens, a hipermídia e a Internet podem se constituir excelentes recursos mobilizadores para o desenvolvimento das competências leitora e escritora e práticas protagonistas. Nosso objetivo é criar espaços de participação interativa e construção coletiva de projetos, com o uso destas novas formas de linguagem.
III - OBJETIVOS GERAIS:
- Ampliar o significado de “letramento”, estendendo-o também aos ambientes digitais e às TICs, considerando que nesta sociedade de informação analfabeto não é apenas aquele que não dominou os códigos da leitura e escrita, mas também todos aqueles que não podem exercer em toda sua plenitude os seus direitos de cidadãos, por não terem acesso aos bens culturais e o domínio de novas tecnologias da informação.
- Proporcionar ações educativas que se utilizem das mais variadas linguagens, para tornar os alunos, cidadãos informados, ativos ,críticos e que usufruam com segurança e responsabilidade das novas oportunidades oferecidas por esta sociedade tecnológica.
IV - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Da Direção: trazer para o espaço escolar novas ferramentas de suporte pedagógico e práticas curriculares interativas de forma que a soma entre tecnologia e os conteúdos selecionados nasçam oportunidade de ensino e aprendizagens significativas, onde as TICs possam de fato cooperar para uma verdadeira inclusão digital, e essa inclusão favoreça o desenvolvimento de uma sociedade conectada, para alcançar um novo modelo de cidadania e justiça social, pois se utilizados corretamente e de forma pedagógica os ambientes e recursos on-line eles possibilitam aos alunos atividades mais reflexivas, desenvolvimento de atitudes críticas, da capacidade decisória e conquista da autonomia.
Da Coordenação: selecionar e organizar atividades significativas durante a capacitação docente, no sentido de fortalecer e apoiar os educadores para que se tornem investigadores críticos e reflexivos e adotem práticas pedagógicas que respondam a um conceito mais amplo de alfabetização, principalmente no que concerne às mudanças de estruturas desencadeadas pelas inovações das tecnologias de informação e comunicação, como elas afetam a educação, e até que ponto modificam o contexto em que se dá a construção do conhecimento.
Em Relação aos Alunos:
- Contribuir para que os alunos superem visões ingênuas e formações simplistas e desenvolvam a capacidade de pensar com espírito crítico, incorporando ao seu cotidiano noções como: diversidade, coesão social, coletividade, responsabilidade política e cidadania.
- Ampliar a visão crítica dos alunos sobre a sociedade brasileira contextualizando temas e conceitos abordados, ilustrando-os através de fontes jornalísticas, literárias, históricas, artísticas e da cultura popular.
Em relação a Organizações não governamentais: Buscar novos parceiros, intensificar os já existentes com órgãos, ONGs, e diferentes autoridades da sociedade civil para manter o fluxo de informações pertinentes aos temas ou problemas que estão sendo discutidos no espaço escolar, proporcionando ao aluno o exercício da cidadania, o desenvolvimento de uma visão mais analítica sobre os fatos sociais e a formação de cidadãos mais atuantes.
V - TEMAS QUE PERMEIAM AS DIRETRIZES CURRICULARES
Identidades coletivas, história e tradições, valores e projetos comuns, diversidade sociocultural, tolerância, preconceito, democratização dos meios de informação e comunicação, inclusão, direitos humanos, democracia, igualdade, justiça social, políticas públicas, mulheres na modernidade, etnias, questões de gênero, resolução pacífica de conflitos, entre outros.
VI - RECURSOS HUMANOS: Toda comunidade escolar do CIEJA: equipe gestora, alunos, agentes escolares, supervisores, funcionários, representantes de diferentes segmentos da sociedade, ONGs, CEU’s Rosa da China e Sapopemba, Defensoria Pública, CAPS, entre outros.
VII - MATERIAIS E RECURSOS UTILIZADOS
Filmes, documentários, sites da internet, variados gêneros textuais, ensaios fotográficos (como o de Sebastião Salgado), charges, peças teatrais, computadores, filmadora, máquina fotográfica, aparelho de som, DVDs, projetores, câmeras de celulares.
VIII - CRONOGRAMA
Esse trabalho foi desenvolvido durante o segundo semestre de 2011 e continuou no primeiro semestre de 2012, com perspectiva de estender-se até o final do ano de 2012.
IX - METODOLOGIA
Tanto ou mais importante que os conteúdos, consideramos o caminho escolhido para realizar o trabalho. A escolha pelo caminho da participação, na perspectiva da educação popular, cria um ambiente adequado e sustentável, durante todo o ano letivo por meio da realização de atividades diversificadas, tendo como protagonista o educando. Optamos, sempre que possível, por abordagens estratégias que façam os educandos interagirem com a construção do conhecimento e de visões mais críticas da sua realidade. Usamos para isso: a linguagem do cinema, a música popular brasileira, ciclos de palestras e a linguagem do teatro rica em simbolismo e potencial para discussão de temas de relevância social.
X - ABORDAGEM METODOLÓGICA
Desenvolvemos os temas através do uso de variadas linguagens e recursos tecnológicos; exercício da cidadania por meio da interação da escola com a comunidade e diferentes espaços culturais da cidade; articulação entre o saber popular e o saber sistematizado como espaço de discussão dos direitos civis e sociais; construção de uma proposta curricular significativa, sem padronização e de acordo com as necessidades educacionais dos alunos; abordagem crítica dos temas e conteúdos, sempre em sintonia com os eventos que estão ocorrendo na vida política, social e econômica do país.
XI - ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
1. O cinema como linguagem – Adotamos no CIEJA a linguagem do cinema como recurso didático, porque desde a sua invenção, ele abrange temas gerais tais como científicos, religiosos, do cotidiano, filosóficos, históricos, poéticos e culturais, o que nos permite trabalhar com uma variedade de filmes, explorando-os não apenas esteticamente, mas principalmente como uma ferramenta que traz um corpo de conhecimentos notáveis, mecanismos de interfaces com outras linguagens e diálogo com as mais variadas expressões artísticas. Inserir a linguagem do cinema como prática pedagógica não somente possibilita estabelecer relações entre conteúdos e conhecimentos particulares, mas também “ler” todos os seus elementos, tanto objetivos quanto subjetivos. Estabelecer e identificar temáticas, incorporando a arte do cinema ao repertório cultural do aluno, ampliando assim sua potencialidade para o exercício de uma postura crítica e reflexiva na vida e no trabalho. Quando elaboramos uma proposta curricular utilizando a linguagem cinematográfica consideramos quatro etapas para o seu desenvolvimento:
a) Planejamento e preparação: A primeira etapa consiste em pesquisar filmes que possam: ampliar o repertório do aluno; complementar conteúdos ou temas que estejam sendo trabalhados em sala de aula e que possuam objetivos determinados; que sejam suscetíveis a diferentes enquadramentos e exploração multidisciplinar pelas diferentes áreas de conhecimento.
b) Apresentação e exibição:– Na possibilidade da exploração dos elementos do filme por todas as áreas de conhecimento é realizada exibição única para todos os alunos de cada período, porém, se o tema for específico a uma determinada área, o mesmo é exibido na sala de aula.
Antes da exibição é necessário informar os dados referenciais do filme (diretor, país de origem, ano de produção, gênero e sinopse) e justificar o uso do mesmo. Durante a exibição são feitas pausas na projeção do filme para a realização de esclarecimentos necessários, para que os alunos possam compreender melhor determinados aspectos chaves que serão explorados posteriormente.
c) Debate e reflexão: O professor inicialmente questiona o grupo sobre o que viu,e deixa que os alunos apresentem suas observações pedindo posteriormente a elaboração de um texto para realizar análises mais abrangentes das visões dos alunos. Enquanto o grupo relata suas impressões, o professor vai fazendo as inferências, destacando aspectos importantes e o propósito das ideias ou do conjunto de ideias que se apresentaram no filme, convergências ou divergências percebidas além do contexto histórico.
d) Conclusão e verificação: Ao final da atividade o professor realiza uma síntese que compreende a observação e destaque de elementos que se relacionam a conteúdos curriculares desejados, além de sugerir leituras complementares, sites para pesquisa,ou indicar outros filmes que contenham temática semelhante.Só desta forma o trabalho com filmes pode converter as aulas em atividades significativas, tangíveis e experimentais.
e) Filmes trabalhados até o momento: Escritores da Liberdade; O leitor; Zuzu Angel; Araguaia; Em Teu Nome; Batismo de Sangue; Narradores de Javé; A Onda; Transamérica; Mulheres do Brasil; Parada 174; Invenção da Infância; Redenção; Medianeiras; História das Coisas; Estômago; Réquiem para um Sonho; “1808”; 1492; A descoberta do Paraíso; A fonte das Mulheres; Lemon Tree,Fantasmas da Ditadura, Juventude Transviada, O Homem do Futuro, Nelson Mandela...
2) A música popular brasileira - sua função educativa e social
Mais do que introduzir a música dentro dos temas trabalhados, Musicalizar a Escola é antes de tudo pensar em uma real integração entre as diferentes áreas de conhecimento de modo a harmonizar os diferentes saberes. Apresentar a música que as mídias não oferecem é papel relevante da escola, sem o qual ela se limitaria a reproduzir valores advindos do mercado. Oferecer oportunidades para que os alunos conheçam os clássicos, a MPB e outros gêneros tipicamente brasileiros é um meio de enriquecer a cultura dos mesmos, lembrando que no Brasil as rádios costumam eleger determinados padrões musicais com letras e melodias empobrecidas que é consumida sem critério pelas diferentes classes sociais.
O CIEJA tem trabalhado através de oficinas específicas a música popular brasileira como veículo eficaz para atrair a atenção dos educandos e possibilitar a reflexão, diálogo e interação com os conteúdos curriculares. Através da MPB temos discutido e refletido sobre temas instigantes tais como: a Ditadura Militar, o papel da mulher na sociedade moderna, desigualdade social, violação de direitos, etnias, a política nacional, homofobia, a fome, mazelas sociais entre outras questões. Ainda possibilita a aprendizagem descontraída da nossa língua nos diferentes contextos em que ela se apresenta. Também através da música é possível explorar a comunicação oral e escrita dos alunos e enriquecer, sobretudo a visão do mundo em que vivem, através do desvelamento das ideias que estão implícitas ou explicitas nas letras das músicas, levando o aluno a uma maior reflexão, aumentar seu domínio da língua materna e despertar sua criticidade.
a) Objetivos: ampliar a capacidade do aluno de refletir, interpretar e produzir diferentes gêneros textuais, desenvolver o espírito crítico e de participação social,adquirir maior fluência oral e escrita da língua materna.
b) Metodologia e recursos: É feita uma seleção prévia dos temas que serão discutidos. Através de pesquisas na Internet são selecionadas letras e músicas relacionadas aos conteúdos que serão trabalhados nas Oficinas. Este trabalho se inicia com a audição da música pela turma na internet ou em aparelhos de som, seguida da leitura da letra da música. O passo seguinte é formar pequenos grupos, distribuir a letra para que os alunos possam analisar, discutir, situar o contexto histórico a que ela se refere, que questionamentos a música traz, além da análise linguística da mesma. Na sequencia abre-se o grande grupo para que ocorra a socialização e discussão das questões, com as devidas intervenções feitas pelo professor, para garantir o entendimento efetivo das ideias subliminares.
c) Avaliação: Observamos, que de maneira simples e interativa, os alunos engajaram-se nas discussões propostas, uns de forma mais veemente e outros de forma mais sutil, porém os objetivos foram atingidos em diferentes níveis. Foi possível verificar o nível de entendimento através das falas dos alunos e das produções textuais sobre releituras da música.
d) Músicas trabalhadas: Operário em construção; Cidadão; Apesar de você; Marvin; Brasil; Ideologia; Pra não dizer que não falei das flores; Roda Viva; O bêbado e o equilibrista; Vida de gado; Para todos; Comida, entre outras.
3) Alfabetização através de leitura de imagens – a ética e a estética capturadas pela fotografia
A educação entendida como um processo amplo é uma atividade política. Esse ato político pode ser efetivado por meio de ações culturais com vista ao desenvolvimento de uma visão mais crítica por parte das camadas da população com baixa escolaridade. Como parte desse processo, adotamos como abordagem metodológica, a análise de fotografias para discutir e analisar a condição humana, independentemente do contexto, lugar ou tempo, pois o ato de olhar e analisar imagens envolve dois momentos: o impacto da imagem em si e, imediatamente, a resposta crítica ao que fora visto. Escolhemos algumas obras de Sebastião Salgado, pois, inquestionavelmente, a visão viva, reflexiva e apaixonada de suas fotografias, instiga e apura o olhar dos educandos, porque elas testemunham o denunciam as desigualdades sociais, uma realidade que acontece e se expande pelo nosso mundo, inclusive na própria história de vida dos educandos.
a) Objetivos: Criar uma consciência crítica em nossos alunos a cerca de determinados aspectos da nossa contemporaneidade e a partir disto, torná-los capazes de analisarem com mais objetividade e compreender sua própria realidade e atuar no mundo de maneira crítica, responsável e transformadora.
b) Metodologia e recursos: Inicialmente foi feita uma leitura da biografia do fotográfo Sebastião Salgado para que os alunos entendessem seu trabalho e as causas em que está engajado reveladas pelas suas obras. Foi feita uma busca e seleção de fotografias na Internet e em seus próprios livros, escolhendo àquelas com potencial significativo para explorar temáticas sociais, aliadas aos conteúdos curriculares trabalhados nas diferentes áreas de conhecimento.
c) Desenvolvimento das atividades: Foram distribuídas diferentes fotografias mas com a mesma temática, pelos vários grupo para que pudessem interpretar as imagens e extrair significados de acordo com as visões pessoais, sem a interferência do professor. O passo seguinte foi a socialização das ideais de cada grupo em particular, e iniciar as discussões sobre o que foi relatado. È nesta fase que o professor entra, fazendo as inferências necessárias, esclarecendo elementos contraditórios e fazendo uma relação com os conteúdos trabalhados, à história de vida dos estudantes e a própria realidade do país. Durante a atividade alguns alunos narraram fatos e experiências vivenciados, que tinham relação com a obra analisada. Ao relacionar elementos das fotografias e estabelecer conexões às suas próprias experiências percebemos que o aluno reconhecia a arte como produto histórico e social.
d) Avaliação: Foi possível avaliar o grau de compreensão dos alunos acerca das obras observadas e suas conexões com os conteúdos que estavam sendo estudados, quando foram analisados os textos produzidos,a releitura das obras através de desenhos, e se os links que faziam com suas próprias histórias de vida, se aproximavam da ideia central do tema retratado na fotografia.
e) Obras trabalhadas: Fotos retiradas das obras: Trabalhadores; Êxodos; Serra Pelada; África – o berço das desigualdades, entre outras.
4- A linguagem do teatro - despertando novas formas de “ver”.
Em uma época de homogeneização da cultura e de culto ao individualismo, o teatro constitui uma ferramenta para discutir e cultivar valores, desenvolver o senso crítico e potencializar nos educandos a compreensão de temas do cotidiano, além de provocar questionamentos interessantes sobre problemas sociais significativos para suas vidas. Para além da linguagem discursiva, o teatro usa diferentes metáforas da realidade permitida por esta forma de expressão, como espaço de luta, de experimentar o confronto com o “diferente”, discutir e apreciar a obra artístico-teatral com prazer e criticidade.
a) Objetivos: Discutir com a comunidade escolar, por meio da experiência estético-teatral, e uma abordagem crítica questões que estimulem uma visão mais analítica da realidade, além de estimular a criação de uma possibilidade real de transformação social.
- Usar a linguagem do teatro como processo de apropriação crítica e construtiva de conteúdos sociais e culturais;
- Sensibilizar os educandos para reconhecer e criticar ações de manipulação contrárias à autonomia e à ética humanas.
b) Metodologia e recursos: Oferecemos aos educandos experiências teatrais e culturais significativas em busca da recriação de subjetividades, releitura de suas experiências pessoais e libertação de visões ingênuas, que os tornam meros reprodutores de interesses de uma sociedade capitalista. Isso se tornou viável graças às políticas públicas afinadas com uma visão curricular inclusiva, adotadas pelos CEU’s da região, que transformaram suas instalações em uma concentração de espaços culturais com teatro, cinema, artes plásticas, música, entre outras atividades. A apropriação desses espaços públicos como polo de desenvolvimento humano e social pela nossa comunidade escolar tornou-se fundamental para a consecução da nossa proposta pedagógica, que visa o acesso e a apropriação de forma crítica de bens e serviços culturais socialmente produzidos e que antes estavam restritos a uma parcela da população com melhor poder aquisitivo.
c) Desenvolvimento das atividades curriculares: Estabelecemos parcerias com os CEU’s do entorno – Rosa da China, Sapopemba, São Mateus e São Rafael – para termos acesso à programação cultural mensal dos mesmos. O grupo de professores analisa espetáculos ou peças teatrais oferecidos para verificar o alinhamento dos conteúdos à nossa proposta pedagógica de formação permanente, desenvolvimento do senso crítico, humanização das relações sociais e inclusão. Em seguido é feito o contato com o setor de cultura do CEU’s para solicitar ingressos em número suficiente para todos os alunos, exceto àqueles cujo horário seja incompatível com o da apresentação.Outra fase importante do processo ocorre quando professores e alunos pesquisam na internet relise de peças ou espetáculos que possibilitem discussão e repertoriação dos mesmos para que possam usufruir com mais propriedade dos eventos culturais.
Após os espetáculos é sugerido aos alunos, em grupos menores, que registrem suas impressões e criticas a respeito do que fora assistido e, na sequencia o grupo socializa as diferentes visões e opiniões depreendidas. Durante o processo os professores fazem as intervenções necessárias para que ocorra o aprofundamento desejado do tema que está sendo discutido.
d) Avaliação: É feita em conjunto com a sala onde analisa-se o grau de apreensão e a pertinência das colocações dos alunos no que diz respeito ao que fora visto. Os professores estão habituando os alunos a indagar ao final de cada atividade: “O que aprendi?”, “ O que entendi?”, “O que não ficou claro?”. A autoanálise auxilia o professor a avaliar o quanto foi aprendido pelo aluno ou seu não aprofundamento no tema abordado.
e) Peças e espetáculos assistidas nesse período: Peças: Na real; Escola de mulheres; Ensina-me a viver; A voz do provocador; As filhas da dita; Sobre sonhos e esperanças; Tirando um som da garagem; Torquemada – 17 balas; O cortiço; Bagdá café; Nenhum a menos; Ter e ser”. Ópera: Rigoletto. Espetáculos de Marina Lima, Negra Lee, Luis Melodia e a dupla Yassir e Rodrigo Satter.
f) Produto final: Exposição de produções textuais, depoimentos de alunos, comentários e críticas enviados aos professores por email.
XII - Expectativas de aprendizagem
Essa proposta de trabalho objetiva que os alunos entendam que o mundo é um espaço cultural e virtual que pode objeto de ações transformadoras e não apenas um espaço físico ao qual ele acomoda-se. Sendo o aluno um sujeito histórico, ele é capaz de produzir, decidir, criar, transformar e comunicar suas ideias, interagindo e estabelecendo relações com realidades mais amplas. Essa educação problematizadora está fundamentada na criatividade e estimula “uma ação-reflexão” sobre a realidade, respondendo assim ao desejo dos educandos, quando se comprometem na procura e na transformação criadora.
XIII - AVALIAÇÃO
A avaliação é contínua e processual e visa analisar os novos desafios oriundos dessa sociedade de informação que requer dos alunos, entre outras mudanças, uma redefinição das habilidades básicas a serem aprendidas ou desenvolvidas pelos mesmos para que possam enfrentar as novas demandas dessa sociedade de informação.
Tais habilidades referem-se não somente à alfabetização digital, mas também na capacidade de manejar de forma crítica as informações oriundas de diferentes mídias, evitando assim as visões reducionistas do conhecimento. Além da compreensão clara de questões sociais que permeiam seu cotidiano e que precisam de respostas eficazes aos novos contextos e demandas, exercita-se a capacidade de interação dos alunos com as diversas interfaces do conhecimento.
Nesta perspectiva, vários são os momentos e instrumentos utilizados para avaliar aas aprendizagens, incluindo o registro em suas diferentes formas: escrita, gravação e filmagem e apresentações cênicas e musicais.